
Duração de 2 horas
Online - Webinar
Orador: João Filipe Raposo
CV do orador:
Licenciado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (1988).
Doutorado em Medicina – subespecialidade Endocrinologia pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa (2004).
Assistente Graduado de Endocrinologia-Nutrição.
Professor Auxiliar Convidado da Nova Medical School/Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa - área de Saúde das Populações.
Consultor da Organização Mundial da Saúde (OMS) para os programas de doenças crónicas não transmissíveis.
Presidente Eleito da IDF-Europa (Federação Internacional de Diabetes), e do Board do DESG (Diabetes Education Study Group).
Presidente da SPD - Sociedade Portuguesa de Diabetologia.
Director Clínico da APDP - Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal.
Resumo:
A comunicação reflete a minha visão global sobre a diabetes, uma doença que continua a espelhar desigualdades profundas. Mesmo passados cem anos desde a descoberta da insulina, ainda enfrentamos falhas graves no diagnóstico precoce, abordagem das complicações, no acesso a terapêuticas inovadoras e na oferta de cuidados multidisciplinares. Continuamos a ver no mundo muitas pessoas, incluindo crianças e jovens, a serem diagnosticadas tardiamente, quando já apresentam complicações graves. Estas desigualdades prolongam-se no rastreio e no tratamento das complicações que continuam a limitar a qualidade e a duração da vida. Apesar dos avanços terapêuticos, os custos e a falta de equidade permanecem barreiras significativas.
Acredito que estamos a viver uma mudança de paradigma. Projetos de rastreio precoce da diabetes tipo 1, como o ´Dedo que adivinha´, permitem identificar a doença antes do aparecimento dos sintomas, possibilitando intervenções mais eficazes. Esta é uma oportunidade para adiar a progressão da diabetes tipo 1. É também possível acreditar que podemos diminuir a incidência e a prevalência da diabetes tipo 2, especialmente através do tratamento da obesidade e do uso de medicamentos preventivos.
Olhando para o futuro, deposito grandes expectativas na tecnologia, nas novas profissões de saúde e no papel ativo do cidadão. A inteligência artificial e os wearables oferecem apoio essencial na gestão diária, mas não podem substituir o pensamento crítico. Precisamos redefinir competências nas equipas de saúde e promover uma cidadania mais participativa e informada, capaz de exigir sistemas de sociedade mais justos e sustentáveis. Na comunidade da Federação Internacional da Diabetes dizemos há muitos anos ´Together we are stonger. Demonstremos também que em Portugal juntos somos mais fortes.
